sábado, 2 de outubro de 2010

Corpos ausentes

Nas ruas: as praças,
Nas praças: a desgraça.
Pés descalços, cabisbaixos.

Na noite: as luzes,
Nas luzes: a angústia.
O medo,
a fome,
o frio.

Vagam errantes : os caminhantes,
sem rumo se embriagam,
se entorpecem.

Não existe fome,
se riem do medo,
e do frio se vestem.

As ruas,
as praças,
a desgraça,
a noite,
as luzes.

Tudo gira,
giram vidas informes.
Corpos ausentes caem inertes.

A rua dorme,
a praça dorme,
dorme a fome,
o medo,
o frio.

A noite chama o dia,
o dia mostra corpos sem nome.
Sem nome andam nas ruas,
sentam nas praças,
observam a noite,
e a noite os observa.

Rostos inexatos,
mascaras que os circunscrevem.
Não se dão aconhecer ,
não são conhecidos .

A noite não precisa de rosto,
a fome não precisa de rosto,
o medo não precisa de rosto.
O rosto não precisa do corpo.

Os corpos caem  inertes,
nas ruas , nas praças.
Que desgraça.

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