quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Monólogo de uma crítica

Que direi?Não queres mais pintar a Corte,
desviste o teu olhar da suntuosidade dos nobres,
não queres mais pintar perucas, nem mesmo a hipocrisia?
Em primeiro apoiaste os franceses.Ledo engano,
em oculto testemunhaste o que fizeram ao teu povo.
O Iluminismo...Hã! esperaste tanto.
-Mas o que fez?
Matou os teus pares.
Não queres mais as cores vibrantes de uma Corte despótica,
queres relatar , deixar na história as enfermidades do teu tempo
ao invés de oferecer as visões de um mundo mais "nobre".
E o teu tempo ofereceu-lhe enfermidades excepcionais.
Introspectou-se.
Resolveu mostrar como os homens podem transformassem em animais
quando confrontados com a guerra.
Tu mesmo, como testemunha oculta viu tudo, e ainda,outros vinham
relatar o sofrimento , a Guernica.
Foi impossível para ti não deixar para a posteridade tamanha maldade.
Em Terceiro de maio de 1808: A execução dos defensores de madri.
Dá o teu passo para Modernidade.
Chorei, quando vi a história narrada,
impactou-me a cena com iluminação tão dramática.
A vítima, pobre espanhol, se destaca.
Com os braços abertos, qual Cristo crucificado, denuncia
qual recorrente é a morte de inocentes.
Escondeste a face dos algozes.
Só deixa que se destaquem essas cruéis máquinas assassinas,
tão obsoletas , mas tão Modernistas agora.
Destino cruel...
Os mortos do teu relato, caídos ao chão já dizem qual será
o destino dos outros.
Pintaste o psicológico, o dramático.
A pouca luz, a escuridão faz emergir quem serão os próximos.
Faz-me olhar por cima dos ombros dos algozes,
faz-me contemplar o rosto do desgraçado.
Cruel Goya! Como me fazes assim? Entrar naquela noite,
faz-me também testemunha do horror.
Odeio os franceses com ódio cruel por tamanha covardia.
Oh!meu contemporâneo Goya se pudesses ver como tudo se repete.

Um comentário:

  1. Seremos cores, seremos vítima, nobre talvez,
    e não morreremos de braços abertos e nem na escuridão.

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